domingo, 15 de dezembro de 2013

Hélio Duque

  
  A presidente Dilma Rousseff está atualizando o ensinamento do governador de São Paulo, Orestes Quércia. Para eleger o seu sucessor, Luiz Fleury, afirmou: Quebro o Banespa, mas elejo Fleury , relembrado recentemente pela excelente jornalista Eliana Cantanhêde. O Banespa quebrou literalmente, sendo recuperado e saneado no governo do saudoso Mário Covas. A Petrobras está sendo estuprada pelo atual governo, em níveis inadmissíveis e atentatórios aos interesses nacionais. Traduzo essa realidade, em números objetivos: no governo Dilma Rousseff, em valores de mercado, a Petrobras teve, até agora, uma desvalorização de 101 bilhões e 500 milhões de dólares. A fonte é a consultoria Economática. 
  A maior empresa da América Latina está capturada pela anomia, caracterizada pela desintegração das normas que regem a conduta de uma empresa. O seu conselho de administração é presidido pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. Fato inédito na história da companhia. Sempre foi presidido pelo titular das Minas e Energia, hoje ocupado pelo despreparado e jejuno, em matéria de petróleo, Edson Lobão. A mudança ocorreu no governo Lula da Silva, quando assumindo a Casa Civil, a ex-ministra das Minas e Energia, Dilma Rousseff, manteve a presidência do Conselho de Administração. O engenheiro Silvio Sinedino, representante dos trabalhadores no órgão, afirma: O conselho não está decidindo os rumos estratégicos da Petrobras. Isso é feito em outro lugar. Uma coisa é usar a empresa para o desenvolvimento do País, outra é usar para atender a baixa política.  
  O outro lugarâ onde tudo se decide é o Palácio do Planalto. O governo por ser controlador majoritário, autoritariamente, ignora ser a Petrobras uma empresa de economia mista, com os acionistas minoritários donos de mais de 45% do seu capital. A desvalorização dos investimentos dos milhares de acionistas, no Brasil e no exterior, vem atingindo números inacreditáveis. O que leva a se enxergar, diante dos desafios que tem de enfrentar para viabilizar o pré-sal, um futuro incerto. Há dez anos o desalinhamento dos preços dos combustíveis, em função da demagogia populista, obriga a empresa importar derivados de petróleo a preços de mercado e vender internamente a preço menor. Afetando o seu caixa e colocando em risco o volume de investimentos de R$ 236,7 bilhões para os próximos quatro anos. 
  No governo Rousseff, o endividamento bruto da Petrobras deu um salto triplo. Em 2011, era de R$ 115 bilhões, em outubro de 2013, atingiu, oficialmente, R$ 250,9 bilhões. A indefensável política de represamento de preços, para segurar a inflação, está estrangulando o seu futuro. O economista Amir Khair, fundador e militante do PT, com seriedade e competência, em O Estado de S.Paulo (4-11-2012) dizia: lamentável a política do governo usando a Petrobras como biombo da inflação. Ao segurar o reajuste de preços está ocasionando os péssimos resultados que estão aparecendo. Falhas desse tipo maculam a imagem do governo e da Petrobras. Incompetência ou irresponsabilidade?  
  A diretoria da empresa, presidida pela engenheira Graça Foster, vem desenvolvendo competente trabalho de saneamento das suas finanças, Hoje ela é composta por profissionais sérios e servidores de carreira. Conscientes da realidade elaboraram metodologia de correção dos preços do diesel e da gasolina sintonizados com a evolução das cotações internacionais. Ao divulgar, em ato oficial, a nova metodologia, a diretoria da Petrobras, foi nocauteada pela presidente da República e o seu ministro da Fazenda. Proibiram o repasse da diferença dos preços finais dos combustíveis. Autorizaram modesto reajuste, insuficiente para impedir o acúmulo de prejuízos que a empresa vem tendo mensalmente. O uso da Petrobras como instrumento do governo, objetivando sua reeleição, vem sendo a meta de Dilma Rousseff. Inacreditável.   

  Hélio Duque é doutor em Ciências, área econômica, pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). Foi Deputado Federal (1978-1991). É autor de vários livros sobre a economia brasileira.


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