Hélio
Duque
A
presidente Dilma Rousseff está atualizando o ensinamento do governador de São
Paulo, Orestes Quércia. Para eleger o seu sucessor, Luiz Fleury, afirmou:
Quebro o Banespa, mas elejo Fleury , relembrado recentemente pela excelente
jornalista Eliana Cantanhêde. O Banespa quebrou literalmente, sendo recuperado
e saneado no governo do saudoso Mário Covas. A Petrobras está sendo estuprada
pelo atual governo, em níveis inadmissíveis e atentatórios aos interesses
nacionais. Traduzo essa realidade, em números objetivos: no governo Dilma
Rousseff, em valores de mercado, a Petrobras teve, até agora, uma
desvalorização de 101 bilhões e 500 milhões de dólares. A fonte é a consultoria
Economática.
A
maior empresa da América Latina está capturada pela anomia, caracterizada pela
desintegração das normas que regem a conduta de uma empresa. O seu conselho de
administração é presidido pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. Fato inédito
na história da companhia. Sempre foi presidido pelo titular das Minas e
Energia, hoje ocupado pelo despreparado e jejuno, em matéria de petróleo, Edson
Lobão. A mudança ocorreu no governo Lula da Silva, quando assumindo a Casa
Civil, a ex-ministra das Minas e Energia, Dilma Rousseff, manteve a presidência
do Conselho de Administração. O engenheiro Silvio Sinedino, representante dos
trabalhadores no órgão, afirma: O conselho não está decidindo os rumos
estratégicos da Petrobras. Isso é feito em outro lugar. Uma coisa é usar a
empresa para o desenvolvimento do País, outra é usar para atender a baixa
política.
O
outro lugarâ onde tudo se decide é o Palácio do Planalto. O governo por ser
controlador majoritário, autoritariamente, ignora ser a Petrobras uma empresa
de economia mista, com os acionistas minoritários donos de mais de 45% do seu
capital. A desvalorização dos investimentos dos milhares de acionistas, no
Brasil e no exterior, vem atingindo números inacreditáveis. O que leva a se
enxergar, diante dos desafios que tem de enfrentar para viabilizar o pré-sal,
um futuro incerto. Há dez anos o desalinhamento dos preços dos combustíveis, em
função da demagogia populista, obriga a empresa importar derivados de petróleo
a preços de mercado e vender internamente a preço menor. Afetando o seu caixa
e colocando em risco o volume de investimentos de R$ 236,7 bilhões para os
próximos quatro anos.
No
governo Rousseff, o endividamento bruto da Petrobras deu um salto triplo. Em
2011, era de R$ 115 bilhões, em outubro de 2013, atingiu, oficialmente, R$
250,9 bilhões. A indefensável política de represamento de preços, para segurar
a inflação, está estrangulando o seu futuro. O economista Amir Khair, fundador
e militante do PT, com seriedade e competência, em O Estado de S.Paulo
(4-11-2012) dizia: lamentável a política do governo usando a Petrobras como
biombo da inflação. Ao segurar o reajuste de preços está ocasionando os
péssimos resultados que estão aparecendo. Falhas desse tipo maculam a imagem do
governo e da Petrobras. Incompetência ou irresponsabilidade?
A
diretoria da empresa, presidida pela engenheira Graça Foster, vem desenvolvendo
competente trabalho de saneamento das suas finanças, Hoje ela é composta por
profissionais sérios e servidores de carreira. Conscientes da realidade
elaboraram metodologia de correção dos preços do diesel e da gasolina
sintonizados com a evolução das cotações internacionais. Ao divulgar, em ato oficial, a nova metodologia, a
diretoria da Petrobras, foi nocauteada pela presidente da República e o seu
ministro da Fazenda. Proibiram o repasse da diferença dos preços finais dos
combustíveis. Autorizaram modesto reajuste, insuficiente para impedir o
acúmulo de prejuízos que a empresa vem tendo mensalmente. O uso da Petrobras como instrumento do governo,
objetivando sua reeleição, vem sendo a meta de Dilma Rousseff. Inacreditável.
Hélio
Duque é doutor em Ciências, área econômica, pela Universidade Estadual Paulista
(Unesp). Foi Deputado Federal (1978-1991). É autor de vários livros sobre a
economia brasileira.
domingo, 15 de dezembro de 2013
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