Correspondentes!
Num país
totalmente dominado por mafiosos que, atolados na lama da
infâmia, jogaram
no lixo qualquer resquício de ética ou de moral,
poucos são
aqueles que conseguem se indignar com tanta desonra.
Contudo, esse
número de inconformados precisa aumentar para que
os vendilhões da
pátria sejam, dela, definitivamente banidos.
O voto palavroso,
empolado e ardilosos não causou espanto. Aliás,
só foi
surpreendido por tanta verborragia quem gosta de ser enganado.
Como não tenho a
competência do autor do artigo abaixo para
escrever
traduzindo nojo e indignação, vou repassar, como recebi,
o que ele
escreveu porque o meu asco e a minha sensação de desprezo
são, do mesmo
modo, iguais.
Ele não
identificou o destinatário, mas será preciso?
Finalmente, eu ia
pedir desculpas pelos palavrões, mas em certos casos
somente eles
traduzem corretamente a nossa gana.
Assim sendo,
vamos em frente sem esquecer que o preço da liberdade
é a eterna
vigilância.
Um inconformado
abraço.
AMF
REPASSANDO
DIGNÍSSIMO
FILHO DA PUTA
Sergio Sayeg
Pelo
presente instrumento, venho dirigir-me a vossa excelência. Com minúsculas e na
segunda pessoa, pessoa de segunda que és, mauricinho de nariz empertigado. Tu,
que te ocultas, sorrateiro, por trás dessa impecável e pretíssima toga de
bosta.
Tu
que recebes aprumado a reverência do país de joelhos à espera de tuas soberanas
e irretocáveis decisões peremptórias.
Tu
que estás imbuído da divina prerrogativa, intransferível e vitalícia, de julgar
e decidir o destino dos homens que habitam o mundo dos vivos, já que o dos
mortos foge à tua jurisprudência, instância suprema à do teu supremo.
Embora
nutras anseios em manter paridade e equiparação divina com Aquele que exerce
tal competência. Tu, cordeiro em pele d’urso, que reclamas indignamente
indignado por direitos inalienáveis e vives na intimidade inescrutável da tua
vida privada de tramoias inconfessáveis. Tu mesmo, nobre calhorda, que de
tanto exercer o ofício de julgar os outros, julgas-te acima dos outros.
Venho
oficiar-te, honorável patife, que há mais retidão e honra na palavra espontânea
e honesta que brota do coração de um humilde iletrado do que no alfarrábio que
sustém tuas áridas, infindáveis, mirabolantes e ordinárias sentenças. As mesmas
que revestes, impávido, em capa dura, fazendo-as constar com letras douradas
dos anais que ostentas nas prateleiras intermináveis onde expões tua soberba
grandiloquência farisaica e tua rocambolesca sapiência estéril.
Amealhas
com vileza recursos tomados do povo injustiçado para manter intacto esse intrincado
e indecifrável sistema, tão inócuo quanto iníquo, que qualificas cinicamente de
Justiça, a fim de cobrir com aura de magnificência e infalibilidade essa espetaculosa
e suntuosa pantomima patética e embusteira a fim de deixar boquiabertas as legiões
dos sem-justiça desse país, mantendo-os sob o jugo do teu julgar.
Cultivaste
esse interminável cipoal de leis, decretos, normas, códigos, tratados,
regimentos, resoluções, regulamentações, pareceres, dispositivos, medidas
provisórias e embargos infringentes, para reservares a ti próprio o monopólio
do conhecimento e das práticas a ti outorgadas (adivinha!) “por
lei”, afastando o povaréu “abestado” de teu demarcado território.
Para que, na mesma medida em que amplias a doutrina do direito, reduzas o
primado da justiça.
Sai
da tocaia, egrégio velhaco. Desce desse palácio de letras, capítulos,
parágrafos, alíneas, incisos, caputs e cláusulas em que te enclausuras. Cumpre
salientar, excelentíssimo pústula, que as ruas, caso não observes do palácio
que construíste, sem decurso de prazo, para te isolares da realidade de fato e
de direito, estão repletas de malfeitores que pomposamente livrastes das masmorras.
Não por um sentimento benevolente de perdão ou por uma crença abnegada no
poder de recuperação humana mas por um displicente pragmatismo jurídico.
Delinquentes
de toda a espécie a quem remistes da pena, hoje libertos de punição, em
uníssono, zombam, sob tua retumbante indiferença, dos tolos que se pautam em
princípios e honradez.
Sob o
manto do teu garganteado “estado de direito”, canalhas, corruptos, patifes,
ladrões de todas as espécies ascenderam aos postos de direção com a tua serena
condescendência. Mais: com a tua cruel cumplicidade. São estes que tratas com a
mais alta leniência, amparando-os com a força irrefutável da lei, draconiana
indulgência e intolerância zero. Cobrindo a impunidade com o manto legalista
da imunidade.
Todo
teu empenho é de não punir. Inocentes ou culpados, pouco importa. “In
dubio pro reo”, desde que teus honorários sejam quitados “in specie” com
correção, exatidão, integridade e... justiça.
E
assim, por todos os pretextos, vais libertando das grades todos os poderosos
tubarões, reservando os horrores dos calabouços aos despossuídos que não
participam do pecúlio que sustenta a devassidão moral que apadrinhas,
consagrando esse país como o paraíso da impunidade.
Os
princípios de retidão e civilidade estão dentro de nós (e fora de ti). Num
mundo de justos, tua justiça não se ajusta.
E aí,
bonitão? Vais me encarar? Vais engrossar? Pra cima de moi,
doutorzinho? Não gostaste? Indicia-me por desacato, perjúrio, injúria, o
cacete. Apresenta queixa-crime por difamação, filho da mãe. Colocas-me na
prisão. Faz um arresto dos meus bens. Pois não vou ficar calado ante tua
sacripanta e rocambolesca farsa.
Data vênia, vai pra
p (*) que te pariu.
Não
se acomode. Precisamos acabar com a "República da farra, da farsa, do
cinismo e do deboche”, em que se transformou o nosso querido Brasil.
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