terça-feira, 5 de maio de 2015

Desmoralização completa ....
 

Pixuleco 171, o herói inflável




Falou e disse!!



Revista ÉPOCA | 24 AGOSTO 2015 | Nº 898
GUILHERME FIÚZA
*
Pixuleco 171,
0 herói inflável

NUNCA ANTES NESTE PAÍS UM EX-PRESIDENTE POLEMIZOU COM UM BONECO INFLÁVEL - QUE VEIO DESINFLAR O MITO DE LULA

Lula ficou revoltado com Pixuleco, um boneco inflável de 12 metros de altura que apareceu em Brasília nas manifestações do dia 16. Pixuleco é uma caricatura de Lula com roupa de presidiário e a inscrição “13-171” (leia mais em Personagem da Semana). A sátira motivou uma nota oficial do Instituto Lula, afirmando que o ex-presidente nunca fez nada de errado e só foi preso na ditadura militar por defender as liberdades. Nunca antes um ex-presidente da República polemizou com um boneco inflável - que veio desinflar o mito de Lula. E, quando isso se consumar, acabará a bateria da marionete que governa o Brasil.
     Lula está indignado, porque a indignação é seu disfarce perfeito. Um dia ele já se indignou de verdade, mas, quan­do notou que o figurino do injustiçado chorão lhe dava poderes mágicos, não vestiu mais outra roupa. Lula manda no Brasil há 12 anos e continua se queixando da opressão - fór­mula perfeita para eleger uma oprimida profissional, que luta dia e noite contra uma ditadura encerrada 30 anos atrás.
Hoje, há quem diga que essa ditadura foi profética ao prender Lula: atirou no que via e acertou no que ainda não existia. É evidentemente uma piada. O autoritarismo militar não tem graça, e Lula não estava destinado a ser o Pixuleco 171.   Quem lhe reservou esse destino, quase sem querer, foi ele mesmo.
     Lula não se enrolou por banditismo. Se enrolou por me­diocridade. Foi muito pobre e, ao se aproximar do poder, mais forte do que o impulso de combater a pobreza foi o instinto de se vingar dela. Vingança pessoal, bem entendi­do. Não resistiu aos convites do poder como status, como ascensão social. Quem conviveu com ele nos primeiros anos de palácio se impressionou com os charutos, os vi­nhos caros e demais símbolos de riqueza. Um ex-operário fascinado pela opulência dos magnatas. Isso não costuma dar certo. Não para um político.
      Luiz Inácio da, Silva é um cara simpático, engraçado. Não tem o olhar demoníaco de um Collor, que exala pre­potência e crueldade. Mas, assim como a imensa maioria dos companheiros petistas, tem uma noção visceral de sua mediocridade. Os companheiros morrem de medo de sua própria covardia. Daí o desespero com que se agarram às tetas do Estado, com a forte desconfiança de que não serão capazes de mamar em outra freguesia. Talvez até alguns fossem capazes - Lula muito mais do que Dilma por exemplo -, mas eles mesmos não acreditam. E não pagam para ver. Ou melhor: pagam para não ver.
     E pagam bem. A República do Pixuleco é possivelmente um dos mais formidáveis sistemas de corrupção da civiliza­ção moderna - se é que se pode chamar isso de civilização. Um sistema montado sobre um trunfo infalível em socie­dades infantilizadas e sentimentaloides: a chantagem emo­cional. Lula da Silva chora, e os corações derretidos ficam cegos para tudo - inclusive para o saque a seus próprios bolsos. O Brasil está sendo roubado de forma obscena há 12 anos pelos coitados, e não se sabe mais quantos exemplares de Joaquim Barbosa e Sérgio Moro serão necessários para o país enxotar o governo criminoso.
     A Lava Jato já evidenciou: as campa­nhas presidenciais de Lula e Dilma foram abastecidas com dinheiro roubado da Petrobras. Enquanto Lula batia boca com o boneco inflável, explodia a confissão de Nestor Cerveró sobre o uso de propina do navio-sonda Vitória 10000 para a campa­nha de Lula em 2006. O próprio Institu­to Lula que foi visto polemizando com o Pixuleco é uma central de arrecadação de cachês milionários do ex-presidente, oficialmente para palestras pagas por grandes empreiteiras - as mesmas que ganham obras no exterior graças ao lobby do palestrante.
     Não é que o impeachment de Dilma seja uma saída legítima - ele é a única saída legítima, se os brasileiros ainda quiserem salvar suas instituições da pilhagem de­senfreada. A legalidade no país leva todo dia um tapa na cara das trampolinagens companheiras sucessivamen­te reveladas e expostas, escatologicamente, à luz do sol. Dilma é a representante oficial da pilhagem - e só os co­vardes duvidam disso.
     Se o Brasil tiver vergonha na cara, cercará o Congresso Nacional e o “encorajará” a fazer o que tem de ser feito. Se ficar em casa chupando o dedo, talvez o país tenha de ser libertado por um boneco inflável.         

Guilherme Fiúza é jornalista. Publicou os livros Meu nome não é Johnny, que deu origem ao filme, 3.000dias no bunker e Não é a mamãe - Para entender a Era Dilma. Escreve quinzenalmente em ÉPOCA gfluza@edglobo.com.br






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