Desmoralização completa ....
Pixuleco 171, o herói inflável
Falou e disse!!
Revista ÉPOCA | 24 AGOSTO 2015 | Nº 898
GUILHERME FIÚZA
*
Pixuleco 171,
NUNCA
ANTES NESTE PAÍS UM EX-PRESIDENTE POLEMIZOU COM UM BONECO INFLÁVEL - QUE VEIO
DESINFLAR O MITO DE LULA
Lula
ficou revoltado com Pixuleco, um boneco inflável de 12 metros de altura que
apareceu em Brasília nas manifestações do dia 16. Pixuleco é uma caricatura
de Lula com roupa de presidiário e a inscrição “13-171” (leia mais em
Personagem da Semana). A sátira motivou uma nota oficial do Instituto
Lula, afirmando que o ex-presidente nunca fez nada de errado e só foi preso
na ditadura militar por defender as liberdades. Nunca antes um ex-presidente
da República polemizou com um boneco inflável - que veio desinflar o mito de
Lula. E, quando isso se consumar, acabará a bateria da marionete que governa
o Brasil.
Lula está indignado, porque a indignação é seu disfarce perfeito. Um dia ele
já se indignou de verdade, mas, quando notou que o figurino do injustiçado
chorão lhe dava poderes mágicos, não vestiu mais outra roupa. Lula manda no
Brasil há 12 anos e continua se queixando da opressão - fórmula perfeita
para eleger uma oprimida profissional, que luta dia e noite contra uma
ditadura encerrada 30 anos atrás.
Hoje,
há quem diga que essa ditadura foi profética ao prender Lula: atirou no que
via e acertou no que ainda não existia. É evidentemente uma piada. O
autoritarismo militar não tem graça, e Lula não estava destinado a ser o
Pixuleco 171. Quem lhe reservou esse destino, quase sem querer,
foi ele mesmo.
Lula não se enrolou por banditismo. Se enrolou por mediocridade. Foi muito
pobre e, ao se aproximar do poder, mais forte do que o impulso de combater a
pobreza foi o instinto de se vingar dela. Vingança pessoal, bem entendido.
Não resistiu aos convites do poder como status, como ascensão social. Quem
conviveu com ele nos primeiros anos de palácio se impressionou com os
charutos, os vinhos caros e demais símbolos de riqueza. Um ex-operário
fascinado pela opulência dos magnatas. Isso não costuma dar certo. Não para
um político.
Luiz Inácio da, Silva é um cara simpático, engraçado. Não tem o olhar
demoníaco de um Collor, que exala prepotência e crueldade. Mas, assim como a
imensa maioria dos companheiros petistas, tem uma noção visceral de sua
mediocridade. Os companheiros morrem de medo de sua própria covardia. Daí o
desespero com que se agarram às tetas do Estado, com a forte desconfiança de
que não serão capazes de mamar em outra freguesia. Talvez até alguns fossem
capazes - Lula muito mais do que Dilma por exemplo -, mas eles mesmos não
acreditam. E não pagam para ver. Ou melhor: pagam para não ver.
E pagam bem. A República do Pixuleco é possivelmente um dos mais formidáveis
sistemas de corrupção da civilização moderna - se é que se pode chamar isso
de civilização. Um sistema montado sobre um trunfo infalível em sociedades
infantilizadas e sentimentaloides: a chantagem emocional. Lula da Silva
chora, e os corações derretidos ficam cegos para tudo - inclusive para o
saque a seus próprios bolsos. O Brasil está sendo roubado de forma obscena há
12 anos pelos coitados, e não se sabe mais quantos exemplares de Joaquim
Barbosa e Sérgio Moro serão necessários para o país enxotar o governo
criminoso.
A Lava Jato já evidenciou: as campanhas presidenciais de Lula e Dilma foram
abastecidas com dinheiro roubado da Petrobras. Enquanto Lula batia boca com o
boneco inflável, explodia a confissão de Nestor Cerveró sobre o uso de
propina do navio-sonda Vitória 10000 para a campanha de Lula em 2006. O
próprio Instituto Lula que foi visto polemizando com o Pixuleco é uma
central de arrecadação de cachês milionários do ex-presidente, oficialmente
para palestras pagas por grandes empreiteiras - as mesmas que ganham obras no
exterior graças ao lobby do palestrante.
Não é que o impeachment de Dilma seja uma saída legítima - ele é a única
saída legítima, se os brasileiros ainda quiserem salvar suas instituições da
pilhagem desenfreada. A legalidade no país leva todo dia um tapa na cara das
trampolinagens companheiras sucessivamente reveladas e expostas,
escatologicamente, à luz do sol. Dilma é a representante oficial da pilhagem
- e só os covardes duvidam disso.
Se o Brasil tiver vergonha na cara, cercará o Congresso Nacional e o
“encorajará” a fazer o que tem de ser feito. Se ficar em casa chupando o
dedo, talvez o país tenha de ser libertado por um boneco inflável.
Guilherme Fiúza é jornalista. Publicou os livros Meu nome não é
Johnny, que deu origem ao filme, 3.000dias no bunker e Não
é a mamãe - Para entender a Era Dilma. Escreve quinzenalmente
em ÉPOCA gfluza@edglobo.com.br
|
0 comentários:
Postar um comentário