Por Carlos Newton, em 22 Jul 2015
Apesar da imensa decepção com o PT, um partido que tinha apoio
maciço de intelectuais, servidores e estudantes, e com o consequente desalento
com a política em geral, é preciso proclamar que hoje o Brasil tem motivos para
vislumbrar um futuro melhor. Em meio à podridão que contamina os três poderes,
podemos dizer que ainda temos juízes, como está ficando demonstrado no
prosseguimento da operação Lava Jato.
As tentativas de tumultuar o inquérito e anular as provas já eram
esperadas, fazem parte da estratégia dos grandes escritórios de advocacia. Em
determinado momento, quando o ministro-relator Teori Zavascki mandou libertar
um dos ex-diretores da Petrobras, Renato Duque , houve quem pensasse que o
sonho estava acabado. Mas o juiz federal Sergio Moro teve paciência, esperou o
momento certo e voltou a mandar prender Duque, que até hoje está na prisão.
Pelo que se sabe, as investigações e os processos vão muito bem e o
ministro-relator Zavascki está impressionando com a alta qualidade do trabalho
da força-tarefa da Polícia Federal e da Procuradoria-Geral da República. Eles
são jovens , a grande maioria tem menos de 40 anos, isso é maravilhoso, porque
demonstra que ainda podemos confiar neles e acreditar que realmente vão
reformar este país.
TUMULTUAR É PRECISO
Continuam a haver tentativas de tumultuar a Lava Jato e suas
consequências. Na semana passada, advogados do ex-presidente Lula entraram com
uma reclamação visando a punir o procurador da República Valmar Furtado, que
pediu a abertura de investigações contra ele. Esta semana, os advogados de Eduardo
Cunha entraram nessa onda, apresentando um pedido para anular investigações da
força-tarefa sobre o presidente da Câmara, a pretexto de que estariam usurpando
competência do Supremo. Mas estas iniciativas não vão adiantar nada. A fila vai
continuar andando.
Do alto de sua conhecida prepotência, o empreiteiro Marcelo
Odebrecht armou uma ampla estratégia visando a tumultuar e obstaculizar as
investigações sobre o grupo dele. Para tanto, contava com apoio da própria
Ordem dos Advogados do Brasil. Também não vai adiantar nada.
O avô dele, Norberto Odebrechet, criador do maior projeto social e
ambiental do país, no Sul da Bahia, morreu no ano passado. Se ainda estivesse
vivo, com toda certeza recomendaria que o neto fizesse delação premiada.
Mas acontece que seus descendentes estão acostumados a ganhar tudo
no tapetão, no conchavo e na mutreta. Ainda acham que podem vencer no Supremo,
dando um jeitinho nas coisas. Pode até acontecer, mas apostar nesta hipótese é
um risco enorme.
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