Policiofobia
Por Filipe Bezerra*
A policiofobia é uma
construção cultural que pode ser conceituada como a promoção sistemática do
ódio, da aversão, do preconceito, do descrédito e da desmoralização dos
profissionais de segurança pública do Brasil.
Ao contrário do que imagina
o senso comum a policiofobia não é consequência da violência policial ante a
população de periferia, e tampouco é uma resultante do período do regime
militar. A população de periferia historicamente nunca teve voz e a maioria dos
policiais de hoje sequer viveram ou tiveram alguma ligação direta com o período
dos chamados “anos de chumbo”.
Ela é, na verdade, uma
construção artificiosa e ideológica de setores da política, da mídia e da
academia, e é propagada, em regra, por indivíduos das classes média e alta
que, no alto de suas torres de marfim, nunca sofreram abusos ou violência
de policiais.
Não se pode negar,
entretanto, que em meio ao efetivo das polícias exista uma minoria de
psicopatas, corruptos e demais espécies de bandidos de farda, mas ninguém
deseja mais que estes sejam excluídos, processados e presos do que a grande
maioria de policiais honestos e de bem que tem a sua reputação profissional
maculada pelas transgressões e crimes dos maus policiais. Mas é importante dizer
que em nenhum outro grupo profissional o todo é julgado pela parte através de
uma maliciosa e sistemática campanha de desmoralização.
Não faz muito tempo em que
a mídia brasileira abordava o trabalho policial se não de uma forma positiva,
mas, pelo menos, de uma forma neutra que possibilitava ao homem comum fazer um
juízo de valor solidário aos homens e mulheres que arriscam a vida nas ruas na
nobre missão servir e proteger a sociedade. De uma hora pra outra fatos
isolados começaram a ganhar destaque e serem superdimensionados. A grande
maioria das ações policiais - legítimas por natureza - passaram a ser
solenemente ignoradas, de uma forma que hoje quase toda a cobertura do trabalho
policial na grande mídia é em forma de pauta negativa. As séries e filmes
policiais que exaltavam a humanidade, o heroísmo e a bravura desses
profissionais sumiram e hoje é praticam ente impossível encontrar uma produção
cultural onde o personagem policial tenha razão.
Como os militares voltaram
para os quartéis após a redemocratização, a polícia passou a ser o bode
expiatório preferido de pseudo-intelectuais da academia e da política que, para
promoverem a “luta de classes” através de um revanchismo tardio e descabido,
fomentam abertamente à tolerância ( e o estímulo moral) ao banditismo e, por
conseguinte, a criminalização da atividade policial legítima.
O produto cultural destas
ações é a grande inversão de valores que produz hoje no país a enorme sensação
de impunidade que fez explodir a criminalidade. Essa mentalidade que odeia a
polícia “opressora” invadiu também o judiciário já nos bancos universitários, e
os policiais foram empurrados assim para uma legalidade que, de tão estreita,
virou uma espécie de corda bamba onde se o policial age é acusado de abuso e
caso se omita é acusado de prevaricação. Operou-se a assim um verdadeiro
desmonte do arcabouço jurídico de proteção à atividade policial. Hoje no
Congresso Nacional, por exemplo, partidos políticos que sobrevivem da promoção
do caos patroci nam projetos que querem acabar com auto de resistência e com o
crime de desacato o que, se concretizado, sepultaria de vez a polícia e
entregaria o Brasil de bandeja ao crime.
Em países de cultura sadia
o heroísmo e a bravura da polícia é estimulada. Policiais que trocam tiros com
bandidos perigosos são aclamados e valorizados, e não são raras as vezes que
são promovidos por bravura pelas autoridades constituídas. No Brasil a mesmas
ações resultam sempre numa presunção de culpabilidade de forma que é mais fácil
um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um policial ter, por exemplo,
uma legítima defesa putativa reconhecida pelo judiciário. Ao policial
brasileiro é presumido quase sempre o erro, a má fé, o excesso, o abuso e,
muitas vezes, o crime.
Abandonados pelo estado e
escutando apenas a parte esquizofrênica da sociedade que os condena, os
policiais ficaram entregues à própria sorte e, por isso, são jogados à omissão.
O fomento da desmoralização
da polícia ante a população menos letrada produziu também um paradoxo: se a
polícia é violenta, ela deveria provocar medo e respeito na população e na
criminalidade. Não é o que acontece. Se multiplicam as ocorrências em que
pessoas desrespeitam a figura dos policiais e avançam sobre eles, o que tem
causado mortes e lesões dos dois lados. Num passado recente era inconcebível
uma pessoa sã atacar um policial armado.
Ante esse quadro, a
desumanização da figura do policial veio à reboque. É possível observar uma
certa psicopatia no ar ao ver que a sociedade não demonstra nenhuma empatia com
os operadores de segurança pública que tombam assassinados por marginais. É
como se o discurso hegemônico de proteção ao banditismo e criminalização da
polícia produzisse uma Síndrome de Estocolmo coletiva, onde os indivíduos
passaram a ter simpatia por seus algozes e odiar seus protetores, assim como
ovelhas que odeiam cães pastores e sorriem simpáticas para os lobos que as
devorarão.
Não se combate a
criminalidade vestindo camisas brancas e pedindo paz. Nenhum bandido abandonará
o crime e se tornará um trabalhador por causa disso. É preciso que a sociedade
entenda em sua plenitude o velho adágio romano: si vis pacem, para bellum, que,
nos dias de hoje, significaria: se queres paz, apoie a polícia. É preciso
sustar o cheque em branco da impunidade e da hipocrisia e valorizar os soldados
cidadãos que, ao fazer o enfrentamento direto ao crime, tentam devolver as ruas
do país às pessoas de bem.
*Filipe Bezerra é Policial Rodoviário Federal, bacharel em Direito pela UFRN, pós-graduado em Ciências Penais pela Anhaguera-Uniderp, bacharelando em Administração Pública pela UFRN e membro da Ordem dos Policiais do Brasil.
Olá!
ResponderExcluirEstou passando p/agradecer a visita e o comentário deixado no meu blog. Já que partilhamos das mesmas opiniões, fiquei te seguindo pq acredito que vou gostar muito do que vem por aí. Meu blog é de culinária, mas de vez em quando tenho que postar uns desabafos p/poder não me calar.
Bjssss e mais uma vez obrigada!
Dinha Obrigado,
ExcluirE volte sempre, adoro visitas.
E como seu blog é de culinária, aproveite e faz uma visitinha no Dona Sinhá, e pode pegar receitas ela deixa. Sem problemas.
Um abraço e no aguardo.