Por Merval Pereira - O Globo, em 15 Nov 2014
O escândalo maiúsculo da Petrobras vai bater diretamente na
política, porque essas empreiteiras incriminadas e esses executivos ora presos
estavam ligados umbilicalmente a políticos, e foram colocados lá cada um com
seu cada qual, isto é, diretores indicados diretamente por partidos políticos
como PT, PP e PMDB.
Por isso mesmo, vai mexer com a estrutura da política brasileira, é
um marco que se espera final neste processo político do jeito que está sendo
tocado. Chegamos ao fim da linha, não é possível mais. Prejudica a maior
estatal brasileira, prejudica o país economicamente e também sua imagem de
nação civilizada e moderna, e prejudica a política. É inviável continuarmos
nesse processo destrutivo.
O esquema é fundamentalmente de financiamento político, montado no
Palácio do Planalto a exemplo do mensalão, para financiar a base congressual
governista, e vai bater no ex-presidente Lula e na presidente Dilma, que domina
a área de Minas e Energia desde quando era ministra, no primeiro governo
petista.
É claro que alguém coordenou esse trabalho, alguém sabia o que
estava acontecendo. Muito difícil imaginar que no Palácio do Planalto ninguém
soubesse. No processo do mensalão, já havia uma grande desconfiança de que era
impossível um esquema daquele tipo sem um alto grau de comando.
Caiu em cima do então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu,
como o último da linha de comando, por falta de condições políticas de chegar
mais acima na escala de poder, mas desta vez é complicado dizer que Lula e
Dilma nada sabiam. O doleiro Alberto Youssef já disse em depoimento da delação
premiada que os dois sabiam, e a situação está incontrolável.
Como chefe da Casa Civil, Dilma presidiu o Conselho de
Administração da Petrobras. Em janeiro de 2010, conforme lembrou ontem, no
editorial "Lula e Dilma sempre souberam", o jornal "O Estado de
S. Paulo", Lula vetou os dispositivos da lei orçamentária aprovada pelo Congresso
que bloqueavam o pagamento de despesas de contratos da Petrobras consideradas
superfaturadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
Aliás, desde 2008 o Fiscobras, relatório consolidado do TCU com as
auditorias feitas em obras que recebem recursos federais, chamava a atenção
para os desmandos na construção da refinaria Abreu e Lima em PE, um projeto em
sociedade com o governo venezuelano com Chávez ainda vivo, e que acabou sendo
assumido integralmente pelo governo brasileiro. O custo total orçado
inicialmente em pouco mais de R$ 2 bilhões já atingiu R$ 41 bilhões.
Mais impressionante que a abrangência do escândalo da Petrobras é
que os corruptores estão sendo presos. O rombo nas contas públicas é fora do
padrão, pode envolver R$ 10 bilhões, mas o que está fora dos padrões mesmo, um
ponto fora da curva no bom sentido, é a prisão dos corruptores. E a situação
ainda vai piorar para o governo e o esquema petista na corrupção.
Em pouco tempo, a lista de políticos envolvidos, deputados,
senadores, governadores e ex-governadores estará sendo divulgada. Um dia
republicano, sentenciou um promotor envolvido na operação. Os agentes da
Justiça envolvidos na investigação do que está sendo conhecido como petrolão,
aliás, estão sofrendo pressões de toda sorte.
Alguns delegados, por exemplo, usaram durante a campanha uma rede
fechada do Facebook para externarem posições políticas pessoais de críticas ao
governo e apoio ao candidato de oposição Aécio Neves, e isso está sendo tratado
como prova de que as investigações têm viés político. O ministro da Justiça
mandou até mesmo abrir investigação sobre o caso.
Os procuradores do Ministério Público que atuam no caso saíram em
defesa dos delegados, afirmando em nota que a expressão de pensamento pessoal
em ambiente fechado é direito constitucional, e não indica que a investigação
tenha sido desvirtuada. O juiz Sérgio Moro, responsável pela investigação,
aproveitou o despacho em que aprovou as prisões de ontem para defender a
atuação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal na condução da
investigação.
E também respondeu indiretamente à acusação de que os investigados
teriam sido coagidos a assinar os acordos de delação premiada. "A prova
mais relevante é a documental. Os depósitos milionários efetuados pelas
empreiteiras nas contas controladas por Youssef constituem prova documental,
preexistente às colaborações premiadas, e não estão sujeitas a qualquer
manipulação".
Esta é uma mensagem enviada pelo Instituto Endireita Brasil.
Visite o nosso site: www.emdireitabrasil.com.br
Compartilhe no facebook: http://www.facebook.com/InstitutoEndireitaBrasil
Receba nossas mensagens enviando um email para: emdireitabrasil-subscribe@yahoogrupos.com.br
e entrando para o nosso grupo.
Siga-nos no Twitter: @emdireitabrasil
Lembre-se sempre:
"Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo,
qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim".
Reenvie imediatamente esta mensagem para toda a sua lista, o Brasil
agradece.
0 comentários:
Postar um comentário