Editorial do Superinformativo distribuido por email
Nas últimas semanas
os debates sobre o desarmamento, ou seu fim, se intensificaram em decorrência
da tramitação do Projeto de Lei 3.722/2012 do deputado catarinense Rogério
Peninha Mendonça.
De um lado, quase
em desespero, aqueles que advogam pela manutenção do chamado Estatuto do
Desarmamento, aprovado em 2003 à sombra do reconhecido Mensalão. Entre eles, o
próprio Governo Federal que nesta semana criou "democraticamente",
pelas mãos do Ministério da Justiça, um grupo especial para debater novas
medidas com o intuito de ampliar o desarmamento no país. As aspas no
democraticamente se devem ao pequeno detalhe que apenas desarmamentistas foram
chamados para compor tal grupo.
Do outro lado, como
é o caso deste que escreve, pessoas que veem nas armas de fogo não o demônio ou
o mal encarnado, mas sim um instrumento de defesa, subsistência e liberdade.
Talvez resida nesta última palavra – liberdade – o verdadeiro temor de alguns.
No rastro das
discussões, houve uma verdadeira guerra de números e estatísticas com dados e
afirmações sendo disparadas para todos os lados. Algumas acertaram seus alvos,
outras, os pés de quem atirou. Uma delas foi a afirmação, feita em uma recente
audiência pública na Câmara, que o Brasil havia se tornado um país muito mais
seguro após o desarmamento. Afirmação essa que, além de impossível digestão
para quaisquer pessoas que vivam no Brasil, foi sepultada com a publicação no
dia seguinte do Mapa da Violência 2015, que mostra que nunca se morreu tanto no
Brasil em decorrência dos homicídios sejam com a utilização de armas de fogo ou
outros instrumentos, em especial as facas.
E por falar em
facas, este instrumento criado e usado como arma e utensílio desde o tempo das
cavernas, tivemos mais uma triste ocorrência no Rio de Janeiro – lar da principal
ONG desarmamentista do país – onde o médico Jaime Gold, de 57 anos, morreu após
ser esfaqueado por uma quadrilha de menores de idade. O médico, fez aquilo que
muitas autoridades determinam: não reaja nunca! Foi morto da mesma forma. Se
ele estivesse armado poderia se defender? Se outras pessoas que por ali
transitavam estivessem armadas poderiam salvá-lo? Vou mais longe, esses
criminosos, que agem como um cardume de piranhas, atacariam com tanta
ferocidade se não tivessem a certeza que a segurança armada da sociedade está à
mercê de um Estado absolutamente incapaz de garanti-la?
O Estado não é
onipresente, a polícia não é onipresente e não deve ser mesmo. Quem prega o
contrário não passa de um utópico que em seu discurso repete o que se viu na
Itália pelas mãos de Mussolini que afirmava: "Tudo no Estado, nada contra
o Estado, e nada fora do Estado." E depois os fascistas somos nós.
E por falar em
Estado ou ausência dele, chegamos então aos ribeirinhos, que escolhi como
representantes de todos os outros milhões de cidadãos que vivem por essa
imensidão chamada Brasil e longe das grandes capitais, que contam apenas
consigo mesmo para garantir comida na mesa e segurança para os seus. Como
imaginar esse pessoal sem uma espingarda por perto? Não dá, não é mesmo? E será
que alguém acredita que essas pessoas apresentarão atestados de antecedentes,
comprovação residência fixa, comprovação de ocupação lícita, atestado de um
psicólogo credenciado pela PF, teste prático de tiro, pagarão todas as taxas e
exames e se deslocarão centenas de quilômetros para entregar tudo isso em uma
delegacia da Polícia Federal? Só no Brasil do faz-de-contas dos
desarmamentistas!
Polícia Federal,
foi ela que desarticulou uma quadrilha de contrabandistas internacionais de
armas que atuava em Macapá, capital do Amapá. A quadrilha era formada por
agentes públicos de órgãos de segurança e adivinhem que tipo de armamento eles
traziam para o Brasil de forma irregular. Fuzis? Metralhadoras? Pistolas?
Revólveres? Armamento que vemos diariamente nas mãos de criminosos? Não!
Contrabandeavam basicamente armas de caça, as velhas cartucheiras, a típica do
interior brasileiro. Embora seja um legalista, acho difícil condenar
moralmente, neste caso, quem vendia e quem comprava esse armamento. Um por necessidade
gerada pela inviabilidade da lei e o outro fruto da mesma lei. Lembrei-me da
Lei Seca nos EUA.
Menores matam a
facadas e saem impunes, armas entram às milhares por nossas fronteiras e
cidadãos se veem obrigados a transgredir a lei em busca de sobrevivência. Mas
parece que há outro Brasil, um que não foi descoberto pelos portugueses, mas
sim pintado por Salvador Dali. Um Brasil surreal onde habitam Alices e Polianas
ao lado de Dráculas e Frankensteins, especialistas em segurança pública se formaram
e se alimentam pelas mãos da burocracia estatal, sociólogos utópicos que
acordam todos os dias com a missão de implantar a ditadura do bem, mesmo que
você e mais 60 mil pessoas tenha que morrer esse ano para isso.
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