sábado, 18 de agosto de 2018




Enquanto a maioria dos presidenciáveis diz que o Brasil pode caminhar para um cenário de “venezuelização” se o adversário ganhar, parcela significativa do PT tem reiterado apoio ao país vizinho"

"A Venezuela extrapolou o âmbito da política externa para se tornar um dos temas centrais na campanha eleitoral. Jair Bolsonaro (PSL), por exemplo, afirma que a volta do PT ao Planalto representaria uma “venezuelização” do Brasil. Geraldo Alckmin (PSDB) diz o mesmo em relação a petistas e ao próprio Bolsonaro.

A visão dos presidenciáveis é clara: se o adversário ganhar, o país caminhará para um cenário caótico semelhante ao do país vizinho, com hiperinflação, desemprego, escassez de alimentos e medicamentos, insegurança e crise institucional.

O que dizem os petistas sobre a Venezuela?
E o que dizem os petistas sobre a questão? Fernando Haddad, candidato à Presidência do partido, declarou recentemente que a Venezuela já não é uma democracia. “Quando você está em conflito aberto, como está lá, não pode caracterizar como uma democracia. A sociedade não está conseguindo, por meios institucionais, chegar a um denominador comum”, afirmou, em 13 de agosto.

A opinião, entretanto, está longe de ser consensual em seu partido. Nos últimos meses, parcela significativa do PT tem reiterado seu apoio ao regime ditatorial de Nicolás Maduro. A presidente da sigla, a senadora Gleisi Hoffmann (PR), é hoje o principal nome a respaldar essa posição publicamente.

Em julho de 2017, Gleisi manifestou, em nome do PT, solidariedade a Maduro no 23º Encontro do Foro de São Paulo, congregação partidos de esquerda da América Latina e do Caribe. “Temos a expectativa de que a Assembleia Constituinte possa contribuir para uma consolidação cada vez maior da Revolução Bolivariana e que as divergências políticas se resolvam de forma pacífica”, declarou.

Dois meses depois, documento assinado por Gleisi e Monica Valente, secretária de Relações Internacionais do PT, também fazia elogios a Maduro. “Em nome do PT expressamos nosso forte apoio e celebramos o constante compromisso do governo de submeter as divergências ao voto popular, como mostrou o recente processo de uma Constituinte, permitindo que o povo decida seu próprio futuro”, dizia a nota.

Em maio deste ano, pouco antes da eleição que garantiu mais um mandato para Maduro, texto assinado por Valente no site do PT defendia a lisura e a transparência do processo político na Venezuela.

A Assembleia Constituinte venezuelana foi instalada há um ano para reescrever a Constituição do país. A nova Carta Magna ainda não saiu do papel, mas nesse período a Constituinte, controlada por Maduro, anulou a Assembleia Nacional opositora, instalou uma comissão que levou ao indiciamento de seus principais rivais e cassou as duas maiores siglas adversárias.

Em retribuição à solidariedade petista, membros da Constituinte venezuelana criticaram duas vezes a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Agora, Lula adota tom mais distanciado
Depois de afirmar em vídeo que Maduro se “destacou brilhantemente na construção de uma América Latina mais democrática e solidária”, Lula adotou recentemente um tom mais distanciado.

Em março, um mês antes de ser preso, disse à agência AFP que não está acompanhando de perto a situação venezuelana e que não havia conversado nos meses anteriores com Maduro.

O petista afirmou ainda que, em 2013, quando o mandatário assumiu o poder como herdeiro político de Hugo Chávez (1954-2013), lhe enviou uma carta dizendo que “achava que era prudente ele trabalhar para harmonizar a Venezuela”.

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